Dimensão III

As exigências crescentes da população têm levado os decisores políticos e as entidades reguladoras a encontrarem formas alternativas de otimizar o sistema de saúde e melhorar a prestação de cuidados às pessoas. A evidência tem demonstrado que os serviços de saúde mais eficientes são aqueles que estão ligados à colaboração entre os profissionais de saúde que integram as equipas, bem como à reavaliação das intervenções. Uma colaboração otimizada entre os profissionais de saúde, combinando competências, conhecimentos e recursos, leva a melhores resultados em saúde. Neste enquadramento, as farmácias comunitárias têm potenciado o desenvolvido de serviços farmacêuticos que visam colmatar as necessidades do sistema de saúde, promovendo a colaboração com os restantes profissionais de saúde.1

Os profissionais da farmácia comunitária têm estado continuamente ligados à prestação de serviços de saúde pública e individual, acrescentando valor e promovendo ganhos em saúde para a comunidade. Os serviços farmacêuticos tradicionais, bem como os novos serviços emergentes - que são um reflexo da expansão da intervenção da farmácia comunitária junto da população -, são de particular importância para populações vulneráveis ou de alto risco, como as pessoas com multimorbilidade e polimedicadas, as pessoas mais velhas, as pessoas com menor capacidade de acesso aos cuidados de saúde ou as com níveis de literacia mais baixos. Como tal, os serviços de saúde prestados na farmácia comunitária visam contribuir para melhorar o acesso à saúde das populações mais desprotegidas e os resultados em saúde.

Entre os serviços de valor acrescentado mais comuns prestados em farmácia comunitária estão o aconselhamento e gestão da terapêutica, as intervenções em campanhas de vacinação da população ou o desenvolvimento de ações para educação em saúde. O sucesso dos serviços farmacêuticos é reforçado quando estes são implementados e avaliados, utilizando paradigmas adequados e baseados em evidência científica. A gestão destes serviços farmacêuticos deve ser realizada tendo por base diversos fatores, reconhecendo a singularidade de cada pessoa e indo ao encontro das necessidades de saúde da comunidade local de cada farmácia, permitindo, desta forma, que seja assegurada a sustentabilidade financeira destes serviços.2

Ao longo dos últimos anos, o leque dos serviços farmacêuticos tem vindo a ser alargado e os estudos realizados têm demonstrado, de forma consistente, os benefícios clínicos e socioeconómicos associados. A nível da Europa, o Reino Unido tem estado na vanguarda do reforço do papel do farmacêutico e dos serviços de farmácia comunitária, particularmente durante a última década. Uma revisão recente do quadro contratual das farmácias comunitárias implementado em Inglaterra e no País de Gales, em 2005, e na Escócia, em 2006, introduziu novo financiamento aos serviços clínicos, de revisão de medicamentos e de saúde pública. Em Inglaterra, os contratos revistos especificam três níveis de serviço:
1) os serviços essenciais, disponíveis em todas as farmácias comunitárias, que englobam a intervenção tradicional farmacêutica, através de atividades como a dispensa de medicamentos, a dispensa de prescrição crónica, intervenções em saúde pública e referenciação para outros níveis de cuidados;
2) os serviços locais, que são comparticipados localmente, incluem serviços de gestão de situações clínicas ligeiras, cessação tabágica, dispensa de contraceção hormonal de emergência e campanhas de vacinação; e
3) os serviços especializados, que requerem acreditação da farmácia ou do farmacêutico, incluem a consulta de acompanhamento farmacoterapêutico, dirigida a pessoas com problemas de saúde crónicos e não controlados ou com situações complexas.3-5

A investigação tem demonstrado que a maioria dos profissionais de saúde apoia o alargamento da ação do farmacêutico como parte integrante da equipa de prestação de cuidados de saúde e tem uma perceção global positiva sobre os serviços farmacêuticos prestados.

Neste sentido, considerando a evidência relativa aos ganhos em saúde gerados pela ação destes profissionais, bem como o potencial de expansão da sua intervenção junto da população, é importante rever regularmente a legislação, visando o alargamento do leque de serviços de valor acrescentado passível de ser disponibilizado nas farmácias comunitárias.2-4

1. Hindi AMK, Schafheutle EI, Jacobs S. Patient and public perspectives of community pharmacies in the United Kingdom: A systematic review. Health expectations 2018;21:409–28. doi:10.1111/hex.12639. 2. Desselle SP, Moczygemba LR, Coe AB, et al. Applying Contemporary Management Principles to Implementing and Evaluating Value-Added Pharmacist Services. Pharmacy (Basel) 2019;7:99. doi:10.3390/pharmacy7030099. 3. Community Pharmacy England. NHS Community Pharmacy services – a summary. 2023. http://psnc.org.uk/wp-content/uploads/2013/08/CPCF-summary-July-2013.pdf (accessed 9 Mar 2023). 4. Cruthirds DL, Hughes PJ, Weaver S. Value of pharmacy services to the healthcare system: an interdisciplinary assessment. International Journal of Pharmacy Practice 2012;21:38–45. doi:10.1111/j.2042-7174.2012.00239.x. 5. National Pharmacy Services - Community Pharmacy England. https://cpe.org.uk/ national-pharmacy-services/ (accessed 24 Jul 2023).

Atualização regular, numa lógica bianual, da portaria que define os serviços farmacêuticos em farmácia comunitária, com inclusão de novos serviços.

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

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