Os farmacêuticos desempenham um papel fundamental na melhoria dos resultados de saúde, através da promoção do uso responsável dos medicamentos, da otimização da sua escolha, da sua utilização eficaz, e da implementação de serviços farmacêuticos. O investimento no desenvolvimento e progresso destes profissionais é imperativo, em todos os âmbitos e cenários, para colmatar as lacunas existentes relacionadas com a educação, formação e desempenho, promovendo a progressão das estruturas onde estão inseridos.1
A avaliação do nível de satisfação dos profissionais é um importante indicador de qualidade dos serviços e tem sido amplamente utilizado para avaliar os processos inerentes aos sistemas de saúde. Compreender o nível de satisfação dos farmacêuticos, nas farmácias, é crucial para obter uma melhor perceção sobre a qualidade dos cuidados farmacêuticos oferecidos.2
A satisfação profissional e na carreira têm estado positivamente ligadas à motivação, desempenho, produtividade e segurança das pessoas, e negativamente associadas ao absentismo, pontualidade, insatisfação com os sistemas de gestão e apoio recebido.2
Nos objetivos de desenvolvimento propostos pela Federação Internacional Farmacêutica (FIP), em 2020, o objetivo de desenvolvimento número dois aborda a estratégia de formação no início da carreira, sugerindo:
1) desenvolvimento de oportunidades estruturadas de formação;
2) disponibilização de apoio na carreira e mentoria;
3) estabelecimento de condições adequadas para conciliar a prática farmacêutica e as circunstâncias pessoais através do desenvolvimento de programas formativos;
4) criação de incentivos adequados, pelo reconhecimento da profissão e certificação;
5) desenvolvimento de programas de mentoria com mentores qualificados com experiência no meio académico, indústria e organismos reguladores;
6) estabelecimento de fóruns de discussão para promover a criação de uma rede de contactos e oportunidades de desenvolvimento profissional.
É, portanto, essencial compreender os fatores que afetam a satisfação dos farmacêuticos em início da carreira.1,3,4
Do ponto de vista da prestação de serviços farmacêuticos, é fundamental desenvolver programas e estratégias de formação baseados em evidência e direcionados para os profissionais em início da carreira, permitindo-lhes desenvolver competências específicas. Isto garantirá um melhor desenvolvimento, formação e retenção do talento farmacêutico, promovendo uma resposta mais efetiva aos desafios globais da prestação de cuidados de saúde.1,2
Além disso, é necessário desenvolver e implementar um sistema estruturado, que proporcione um bom ambiente de trabalho a par com um nível de remuneração ajustado e um maior nível de autonomia do farmacêutico, o que contribuirá para uma maior a satisfação no emprego e na carreira.1,2
1. Bajis D, Al-Haqan A, Mhlaba S, et al. An evidence-led review of the FIP global competency framework for early career pharmacists training and development. Research in Social and Administrative Pharmacy 2023;19:445–56. doi:10.1016/j.sapharm.2022.11.010. 2. Berassa MS, Chiro TA, Fanta S. Assessment of job satisfaction among pharmacy professionals. J Pharm Policy Pract 2021;14:71. doi:10.1186/s40545-021-00356-1. 3. International Pharmaceutical Federation (FIP). The FIP Development Goals: Transforming global pharmacy. The Hague: 2020. 4. Meilianti S, Matuluko A, Ibrahim N, et al. A global study on job and career satisfaction of early-career pharmacists and pharmaceutical scientists. Exploratory research in clinical and social pharmacy 2022;5:100110. doi:10.1016/j.rcsop.2022.100110.