Dimensão I

De acordo com o último relatório da Comissão Europeia de 2022, verificou-se que, em todos os países europeus, as medidas implementadas para dar resposta à situação pandémica foram acompanhadas por uma desaceleração ou suspensão temporária de cuidados hospitalares não urgentes e dos cuidados de saúde primários.1,2

A colaboração das farmácias com o SNS durante este período, através da sua inclusão na estratégia nacional de testagem, incluindo a integração das farmácias no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, permitiu uma maior cobertura nacional, reduzindo as desigualdades de acesso dos cidadãos e contribuindo para uma melhoria dos cuidados de saúde de proximidade.3

O acesso ao sistema de saúde pode ser melhorado através do alargamento dos serviços de saúde prestados pelas farmácias comunitárias, incluindo intervenções como a realização de testes rápidos (testes point-of-care). As farmácias comunitárias devem ser reconhecidas como um interveniente ativo nas campanhas de rastreio, beneficiando da sua proximidade com a comunidade.4,5

As farmácias comunitárias são frequentemente um dos primeiros pontos de contacto com o sistema de saúde para quem apresenta sinais e sintomas de infeção respiratória aguda, desempenhando um papel fundamental na prevenção, identificação e controlo da propagação destas patologias.

Neste contexto, destaca-se a testagem contra a gripe e a COVID-19, através de serviços de proximidade, como a testagem para rastreio de infeções respiratórias, pela realização de testes rápidos de antigénio. Na verdade, este é um exemplo particular da estratégia de inclusão das farmácias no sistema de triagem e referenciação para outros níveis de cuidados, cuja intervenção se suporta num teste point-of-care, seguindo um protocolo de intervenção pré-definido, em acordo com as autoridades de saúde. Esta intervenção oferece às pessoas um acesso mais rápido e conveniente aos cuidados de saúde, facilitando o diagnóstico diferencial deste tipo de infeções, com o potencial adicional de evitar recursos desnecessários aos cuidados de saúde (nos casos de gripe e/ou de doença não grave) e, consequentemente, reduzir a pressão nos restantes serviços de saúde.4,5

Nos picos de incidência destas infeções, muitas das ocorrências que motivam o recurso às urgências poderiam ser geridas de forma mais custo-efetiva na farmácia, através da intervenção e aconselhamento farmacêutico, com recurso à testagem rápida e, consoante os casos, a referenciação ou recomendação de medidas farmacológicas e/ou não farmacológicas. A identificação atempada de infeções como Gripe ou COVID-19 permite acelerar a tomada de decisão quanto ao tratamento e as orientações a serem seguidas. Adicionalmente, há benefícios inerentes para o sistema de saúde decorrentes da descentralização deste tipo de cuidado que permitem que as restantes unidades prestadoras de cuidados de saúde tenham mais tempo disponível para avaliação de outro tipo de situações, promovendo uma maior eficiência de recursos.6-8

Como parte de uma rede integrada de cuidados de saúde, há um esforço contínuo para disponibilizar o acesso a testes point -of-care, nomeadamente através das farmácias comunitárias. Neste sentido, propõe-se reforçar a intervenção das farmácias na avaliação diferencial de infeções.

As farmácias têm uma vasta experiência na realização do serviço de rastreio de infeções – de que são exemplos a testagem VIH, de Hepatites e, mais recentemente, COVID-19 e Gripe –, bem como profissionais altamente capacitados para os realizar e grande presença junto da população. A intervenção das farmácias neste âmbito é suportada pelo desenho e implementação de modelos de intervenção que asseguram competência técnico profissional, qualidade e eficiência, podendo também ser expandida à deteção de infeções da garganta e trato urinário. Com efeito, a introdução dos testes rápidos antigénio nas farmácias comunitárias tem vindo a evoluir rapidamente, propiciada pela mudança de paradigma para uma prestação de cuidados centrada na pessoa, pela descentralização de cuidados e pelo isolamento geográfico de comunidades rurais e remotas.

A evidência demonstra que, após a introdução dos testes rápidos de antigénio na comunidade por profissionais, as pessoas relatam uma melhoria significativa nos níveis de satisfação. Adicionalmente, o rastreio com testes rápidos nas farmácias comunitárias pode também desempenhar um papel importante na redução das prescrições de antibióticos em situações de etiologia viral, combatendo assim o desenvolvimento de resistências aos antibióticos.6-10

1. OECD/European Union (2022). Health at a Glance: Europe 2022: State of Health in the EU Cycle. OECD Publishing. 2022. doi:10.1787/507433b0-en. 2. Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS). Relatório de Primavera 2022: E agora? 2022. https://www.opssaude.pt/relatorios/relatorio-de-primavera-2022/3. Guerreiro J, Teixeira I, Romano S, et al. The Impact of Community Pharmacies on Regional Equity in Access to Professional Rapid Antigen Testing for SARS-COV-2 in Portugal. In: Value in Health. Elsevier BV 2022. S269. doi:10.1016/j.jval.2022.09.1328. 4. Pharmaceutical Group of the European Union (PGEU). PGEU Best Practice Paper: Communicable Diseases and Vaccination. 2018. https://www.pgeu.eu/wp-content/ uploads/2019/04/PGEU-Best-Practice-Paper-on-Communicable-Diseases-and-Vaccination.pdf5. The Pharmaceutical Society of Ireland (PSI). Future Pharmacy Practice in Ireland. Meeting Patients’ Needs. Dublin: 2016. 6. OECD (2021). Health at a Glance 2021: OECD Indicators. 2021. doi:10.1787/ae3016b9-en. 7. Pharmaceutical Group of the European Union. Pharmacy 2030: A Vision for Community Pharmacy in Europe. Brussels: 2019. 8. Hohmeier K, McKeirnan K, Akers J, et al. Implementing Community Pharmacy-based Influenza Point-of-Care Test-and-Treat Under Collaborative Practice Agreement. 2022. doi:10.21203/rs.3.rs-1413113/v1. 9. Pharmaceutical Group of the European Union (PGEU). Community pharmacy, a public health hub. Annual Report 2016. PGEU. 10. Klepser DG, Klepser ME. Point-of-care testing in the pharmacy: how is the field evolving? Expert Rev Mol Diagn 2017;18:5–6. doi:10.1080/14737159.2018.1392240.

Implementar a avaliação diferencial de infeções, através da realização de testes rápidos e aplicação de protocolos de intervenção farmacêutica, de forma contratualizada com o SNS e outras entidades financiadoras.

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

Este site armazena cookies no seu computador. Esses cookies são usados para recolher informações como interage como o nosso site e permite-nos lembrar das suas preferências. Usamos essas informações para melhorar e personalizar a sua experiência de navegação. Para saber mais, consulte a nossa Política de Cookies.