Dimensão II

A mudança de paradigma na forma como as pessoas compram e interagem tem vindo a pressionar o setor da saúde a recorrer a soluções digitais como forma de chegar às pessoas. As farmácias não são uma exceção, e por isso têm vindo a fazer um caminho no sentido da digitalização do serviço prestado. A presença online é cada vez mais relevante, sobretudo como forma de adaptação às preferências e exigências atuais das pessoas, mantendo o compromisso com a qualidade e segurança.1

Paralelamente ao alargamento da dispensa e aconselhamento farmacêutico ao contexto online, as farmácias deverão continuar a explorar as oportunidades criadas pela transformação tecnológica e digital. A acrescentar às ferramentas eletrónicas diariamente utilizadas, seja para dispensar prescrições eletrónicas, verificar interações medicamentosas em softwares de dispensa ou fornecer suporte à adesão terapêutica por meios digitais, as farmácias deverão tirar partido da difusão e democratização do uso de ferramentas tecnológicas – como smartphones, apps, wearables e a própria internet – para reformular a forma como prestam cuidados e se relacionam com as pessoas.2

Mais ainda, ao ser permitido o acesso ao registo eletrónico de saúde da pessoa, será possível aos farmacêuticos comunitários realizar controlos adicionais de segurança na dispensa de produtos de saúde ou de medicamentos, assegurando que os produtos são adequados para as necessidades da pessoa, mediante o consentimento desta.1,3

Prevê-se assim uma aposta na saúde digital, orientada para o “uso de tecnologias de informação e comunicação para melhorar a saúde humana, os serviços de saúde e o bem-estar de indivíduos e populações”.4 A saúde digital será valorizada e adotada, sendo acessível e contribuindo para o acesso equitativo e universal a serviços de saúde de qualidade, bem como para a evolução sustentável e de eficiência dos sistemas de saúde.5

Uma vertente específica da saúde digital é as digital therapeutics (DTx), que representam uma nova modalidade de tratamento na qual sistemas digitais, como aplicações para smartphone, sensores digitais, wearables, realidade virtual ou dispositivos de inteligência artificial, são usados como intervenções terapêuticas sujeitas a prescrição para prevenir, gerir ou tratar condições de saúde e modificar a utilização de medicamentos, afetando a resposta fisiológica subjacente. Muitas destas soluções têm ainda a particularidade de funcionar como instrumento de recolha de dados e comunicação dos mesmos aos profissionais de saúde.2

À semelhança de outras tecnologias de saúde, como os medicamentos, as DTx devem ser submetidas a aprovação pela autoridade reguladora, num processo suportado em evidência clínica que avalie o risco, eficácia e a utilização pretendida e comprove o seu efeito terapêutico, sendo este um ponto fulcral na diferenciação entre as DTx e outras aplicações de saúde. O nível de evidência clínica exigido é definido com base no risco envolvido na utilização da DTx em causa, podendo ser requerida a apresentação de resultados dos ensaios clínicos e/ou evidência de mundo-real sobre o desempenho destes dispositivos ou tecnologias. Em suma, as DTx integram tecnologia avançada com as melhores práticas de conceção, clínicas, usabilidade e segurança de dados. Permitem que todos os intervenientes na saúde da pessoa – incluindo a mesma, os prestadores de cuidados de saúde e os pagadores –, abordem a situação de saúde em causa, através de intervenções baseadas em evidência, seguras e eficazes.6

A utilização de soluções DTx visa complementar ou acrescentar valor ao sistema tradicional de prestação de cuidados de saúde, tendo potencial de substituir, de forma significativa, o sistema existente. Em 2018, o valor do mercado global de DTx estava estimado em 1,8 mil milhões de dólares, sendo expectável que atinja 7,1 mil milhões de dólares em 2025. Um relatório recente estima que os campos com maior aplicabilidade para intervenções DTx são a diabetes e o controlo de peso. Outras áreas, como a doença pulmonar obstrutiva crónica, perturbações do desenvolvimento e stress pós-traumático, carecem de uma análise mais aprofundada.6

1. Azoev G, Sumarokova E, Butkovskaya G. Marketing communications integration in healthcare industry: digitalization and omnichannel technologies. Proceedings of the International Scientific and Practical Conference on Digital Economy (ISCDE 2019). 2019. doi:10.2991/iscde-19.2019.182. 2. International Pharmaceutical Federation (FIP). FIP Digital health in pharmacy education. The Hague: 2021. www.fip.org. 3. Pharmaceutical Group of the European Union (PGEU). Position Paper on Digital Health. PGEU. 2021. https://www.pgeu.eu/wp-content/uploads/2019/03/PGEU-Position-Paper-on-Digital-Health.pdf (accessed 7 Jul 2023). 4. Kostkova P. Grand challenges in digital health. Front Public Health 2015;3:134. doi:10.3389/fpubh.2015.00134. 5. Global strategy on digital health 2020-2025. 2021. 6. Dang A, Arora D, Rane P. Role of digital therapeutics and the changing future of healthcare. J Family Med Prim Care 2020;9:2207–13. doi:10.4103/jfmpc.jfmpc_105_20.

Promoção do desenvolvimento e utilização de Digital Therapeutics (DTx), nomeadamente através da colaboração com entidades envolvidas na criação e desenvolvimento deste tipo de soluções (start-ups, academia ou outros), de forma a utilizar a rede de farmácias como um ecossistema (hub) de desenvolvimento e experimentação na área da saúde digital.

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

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