Dimensão II

De acordo com o Health Literacy Population Survey Project 2019- 2021 – estudo que mediu o nível de literacia em saúde em 17 países da região europeia da OMS –, 65% da população portuguesa tem um nível suficiente de literacia em saúde, 22% apresenta um nível problemático e 7,5% um nível inadequado.1

À medida que a utilização de ferramentas digitais se difunde entre a população portuguesa, inclusivamente no âmbito da saúde, e que as ações de promoção da saúde se vão tornando cada vez mais frequentes através de meios digitais, cabe aos profissionais de saúde a tarefa de se tornarem mais competentes nestes contextos e de desenvolverem plataformas e conteúdos que otimizem a jornada de saúde das pessoas. É cada vez mais premente que as farmácias apresentem soluções digitais, como as plataformas de acesso a serviços e produtos, de forma a acompanharem o comportamento de consumo de uma sociedade cada vez mais digital e flexível.1,2

A evidência tem demonstrado que a adoção de uma abordagem centrada na pessoa, durante o desenvolvimento de ferramentas de saúde, permite que estas respondam de forma mais efetiva às suas necessidades individuais, promovendo um papel mais ativo na gestão da sua doença.1,2

A literacia em saúde permite o empoderamento da população, assim como a sua capacitação para a tomada de decisão informada sobre a sua saúde. A utilização de plataformas digitais facilita uma maior partilha de informação e oportunidades com a população e, dado que cada vez mais pessoas recebem as suas informações de saúde através de meios digitais, torna-se fundamental assegurar que o conteúdo entregue através de recursos online é acessível a diversos públicos-alvo.

Neste sentido, os farmacêuticos comunitários, como intervenientes fundamentais de uma estratégia integrada de saúde pública, devem potenciar o aumento dos níveis de literacia em saúde, assegurando que a informação disponível é adequada e aplicada de forma a maximizar os ganhos e resultados em saúde, iniciando-se pela prevenção da doença e promoção do bem-estar.

Neste processo de digitalização, reforça-se a relevância do Ecossistema Digital das Farmácias Portuguesas, procurando que se estabeleçam como ponte de contacto entre pessoas e o farmacêutico e também como ferramenta agregadora de informação, de serviços e de registo de informação e telemonitorização, para além de promover a jornada de saúde das pessoas. Tal permitirá suportar o farmacêutico no processo de acompanhamento e a monitorização do utente e, eventualmente, constituir uma evolução das soluções existentes, que permitem, aos dias de hoje, o acesso à assistência farmacêutica.2

Como já foi referido, do ponto de vista individual, as ferramentas de saúde digital representam uma forma de melhorar a prestação de cuidados. Do ponto de vista populacional ou do sistema de saúde, a utilização progressiva e massificada destas soluções repercute-se não só no efeito cumulativo dos ganhos qualitativos e de eficiência, mas também na recolha e geração de dados de mundo real em grande volume; dados estes que podem contribuir para políticas de saúde baseadas em evidência, melhorar práticas profissionais, demonstrar o valor da intervenção farmacêutica e colmatar lacunas de evidência sobre medicamentos ou as populações que os utilizam (úteis à indústria farmacêutica e ao regulador, por exemplo).

As farmácias que apostam na saúde digital, passando por processos de transformação, com o objetivo de melhorar a experiência dos utentes no Ecossistema Digital das Farmácias Portuguesas, promovem a equidade de acesso e a melhoria da saúde e bem-estar da população.

Desta forma, permitem a prestação de serviços de saúde e a disponibilização de produtos de saúde e de medicamentos, através de canais físicos ou digitais, assegurando a mesma experiência, garantindo controlo de segurança e aconselhamento personalizado por um profissional de saúde especializado que compreende o seu contexto social e as suas necessidades.2,3

Existe já evidência internacional no que respeita ao impacto das intervenções baseadas em serviços web e das aplicações móveis, tendo os resultados sido positivos, o que sugere os benefícios da utilização continuada destas ferramentas.4

1. Pharmaceutical Group of the European Union (PGEU). PGEU Statement: eHealth Solutions in European Community Pharmacies. 2016. 2. Stellefson M, Paige SR, Chaney BH, et al. Evolving Role of Social Media in Health Promotion: Updated Responsibilities for Health Education Specialists. Int J Environ Res Public Health 2020;17:1153. doi:10.3390/ijerph17041153. 3. Silva A, Martins AI, Ferreira MH, et al. Literacia digital em saúde na população portuguesa, em contexto pandémico: um estudo empírico. Revista INFAD de Psicología International Journal of Developmental and Educational Psychology 2021;1:331–40. doi:10.17060/ijodaep.2021.n1.v1.2071. 4. Park T, Muzumdar J, Kim H. Digital Health Interventions by Clinical Pharmacists: A Systematic Review. Int J Environ Res Public Health 2022;19:532. doi:10.3390/ijerph19010532.

Desenvolvimento contínuo da plataforma digital das Farmácias Portuguesas, de forma a reforçar o seu posicionamento enquanto ecossistema digital das farmácias no acompanhamento da jornada de saúde das pessoas, intervenção profissional, disponibilização de informação e acesso às tecnologias de saúde.

Intervenção dos farmacêuticos comunitários de forma ativa na gestão de conteúdos de saúde e no desenvolvimento de serviços de saúde digitais;

Dinamização da jornada de saúde da pessoa, tendo como ponto relevante os serviços digitais de saúde e como prioridade a necessidade da pessoa.

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

Este site armazena cookies no seu computador. Esses cookies são usados para recolher informações como interage como o nosso site e permite-nos lembrar das suas preferências. Usamos essas informações para melhorar e personalizar a sua experiência de navegação. Para saber mais, consulte a nossa Política de Cookies.