A rentabilidade das farmácias em Portugal apresentou uma redução abrupta entre 2011 e 2019, efeito conjunto da redução de preços e redução de margens, ficando abaixo da margem média na Europa. A pressão colocada sobre a atividade da farmácia comunitária, com o aumento dos serviços prestados à comunidade, leva à necessidade de desenhar soluções conjuntas de otimização da eficiência operacional, apostando na digitalização e automatização, com benefícios para os diversos intervenientes no processo, nos quais se incluem as farmácias.1
A aposta na otimização da eficiência operacional contribui positivamente para a gestão do tempo dos elementos da equipa da farmácia, valorização do serviço prestado, concorrendo também para a sustentabilidade económica da atividade.
Tornar os processos administrativos da farmácia mais eficientes, facilitando a implementação de serviços e permitindo que as farmácias comunitárias dediquem mais tempo ao acompanhamento das pessoas, é fundamental. Os farmacêuticos comunitários reconhecem o potencial de soluções digitais devidamente integradas em complemento à prática farmacêutica, tendo realizado ao longo do tempo investimentos significativos, por exemplo, na automação dos processos de armazenamento e gestão de stocks.1
De facto, o recurso a robots tem sido utilizado de forma muito eficaz em algumas farmácias comunitárias para transformar a prestação de serviços. Há mais de uma década que estes sistemas estão em funcionamento nas farmácias comunitárias e têm sido aplicados a uma série de processos técnicos e repetitivos, com elevado risco de erro, incluindo a atualização de registos, rotulagem e embalamento. Os benefícios incluem maior eficiência no fluxo de trabalho das farmácias, otimização da gestão de stocks e maior segurança através da redução de erros. A automatização de processos na farmácia permite aos farmacêuticos dedicar mais tempo ao aconselhamento e à prestação de serviços centrados nas pessoas.2
Neste sentido, torna-se necessário proceder à revisão dos fluxos de interação e interface entre os vários stakeholders do circuito do medicamento, focando-se no reforço da eficiência dos processos da farmácia, através da integração de gestão com fornecedores, bem como na gestão de encomendas, comunicação, devoluções, faturação eletrónica e restantes processos internos, permitindo a otimização da atividade de abastecimento e dispensa de medicamentos, procurando gerar valor para os diferentes intervenientes da cadeia de distribuição e oferecer o melhor serviço possível às populações.
Uma maior integração do fluxo de procedimentos junto dos distribuidores farmacêuticos e da indústria farmacêutica pode gerar benefícios globais no processo de entrega do medicamento, resultando num melhor serviço para as pessoas e numa maior eficiência processual com benefícios para os diversos intervenientes no processo, nos quais se incluem as farmácias.
1. Pharmaceutical Group of the European Union. Pharmacy 2030: A Vision for Community Pharmacy in Europe. Brussels: 2019. 2. Spinks J, Jackson J, Kirkpatrick CM, et al. Disruptive innovation in community pharmacy – Impact of automation on the pharmacist workforce. Research in Social and Administrative Pharmacy 2017;13:394–7. doi:10.1016/J.SAPHARM.2016.04.009.