As exigências colocadas sobre os sistemas de saúde implicam uma abordagem baseada em resultados, de forma a proporcionar melhores cuidados de saúde às pessoas, enquanto se investe na sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde. Um sistema de saúde progressivamente mais centrado na pessoa exige um paradigma de medição de resultados bem instituído, para a qual terão de contribuir as diferentes partes interessadas do ecossistema dos cuidados de saúde.¹

É neste âmbito que surgem os programas de acompanhamento e apoio às pessoas que vivem com doença – Patient Support Programs –, que pretendem impactar positivamente os resultados em saúde e a qualidade de vida das pessoas que vivem com doença, através da promoção da adesão à terapêutica e da sua efetividade e segurança, bem como gerar evidência sobre a utilização dos medicamentos em contexto de vida real e os ganhos em saúde.^2–5

Torna-se necessário implementar um serviço, de forma contínua, para acompanhar as pessoas ao longo da sua jornada de saúde, em particular, para as pessoas com doença crónica, que necessitam de ter acesso a um conjunto de ferramentas para melhorar a sua qualidade de vida e melhorar os resultados em saúde. Estes programas são desenvolvidos para fornecer às pessoas o suporte, informação e recursos necessários para tomarem decisões informadas e gerirem de forma mais eficiente o seu processo de saúde. Podem incluir suporte na gestão da terapêutica, aconselhamento sobre estilos de vida saudáveis, entrega de materiais educacionais, monitorização de parâmetros e acesso a outros serviços de saúde. Nestes programas é fundamental que os farmacêuticos identifiquem diariamente as necessidades não percecionadas pelas pessoas que procuram a farmácia comunitária.^3,6

O envolvimento de farmacêuticos no desenvolvimento de Patient Support Programs deve ser promovido, não só como forma de contribuir para a definição de políticas em saúde baseadas em resultados, mas para valorizar a intervenção farmacêutica. Os dados de saúde recolhidos ao longo das diversas interações com as pessoas, aliados a fatores como acessibilidade e proximidade, colocam as farmácias numa posição privilegiada para tal.^2,3

Propõe-se disseminar a participação das farmácias em programas de acompanhamento e apoio às pessoas que vivem com doença, que pretendem alcançar objetivos definidos de ganhos em saúde com a utilização de tecnologias, dirigidos a populações-alvo. Estes serviços podem ser remunerados pelo SNS, seguradoras, indústria farmacêutica e outros agentes, gerando evidência através da recolha de dados que possam valorizar a jornada de saúde dos seus destinatários.

Promover e fomentar estudos que comprovem a mais-valia destas intervenções em termos de resultados em saúde e otimização de recursos, é fundamental para defender o reforço da ação da farmácia comunitária neste contexto.

O envolvimento das farmácias na implementação destes programas deve ser conciliável com a atividade regular da farmácia, sendo para o efeito relevante a revisão da forma como é efetuado o processo de registo e monitorização de dados, assim como dos sistemas tecnológicos associados, em prol de uma maior agilidade.²