Dimensão II

Capacitação Profissional e Tecnológica Catalisadora da Mudança

Nesta segunda dimensão, é abordada a capacitação das equipas e o desenvolvimento das competências dos recursos humanos das farmácias, assim como a contribuição para a literacia em saúde dos cidadãos. A importância da transformação digital e do uso da tecnologia na obtenção de ganhos em saúde junto das pessoas são também alvo de análise e proposta de ação.

Competências Profissionais
e Evolução de Carreira.

Os recursos humanos em saúde enfrentam desafios importantes em todo o mundo, nomeadamente em termos de escassez, acessibilidade, formação e educação. A farmácia comunitária não é exceção e a gestão de recursos humanos é uma área crítica de intervenção.

A melhoria dos fatores associados à satisfação profissional e de carreira é essencial para apoiar os farmacêuticos na realização profissional e estima nas carreiras escolhidas.

Tem também sido identificada a necessidade de se reconhecer um papel na prática avançada farmacêutica, através da especialização e diferenciação de competências entre as equipas.

O acesso a serviços de saúde essenciais e de qualidade são princípios basilares para alcançar a cobertura universal de saúde até 2030, tal como delineado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. A Organização Mundial da Saúde reconhece que o desenvolvimento contínuo da força laboral no setor da saúde é essencial para que este objetivo seja alcançado. Neste sentido, a força de trabalho farmacêutica, ao assegurar que a população recebe aconselhamento especializado e diferenciado sobre o medicamento e demais tecnologias de saúde, desempenha um papel fundamental na melhoria dos resultados de saúde, promovendo a utilização responsável e eficaz de medicamentos.

Tecnologia
em Saúde.

A reestruturação dos sistemas de saúde para sistemas digitais e multidisciplinares promove a melhoria da qualidade e a efetividade na satisfação das necessidades das pessoas.

As farmácias comunitárias têm vindo a utilizar, há mais de três décadas, tecnologias digitais para suportar as atividades diárias. O setor tem investido e contribuído de forma inequívoca
para a transição digital dos cuidados de saúde em toda a Europa. Através de uma experiência omnicanal, os farmacêuticos comunitários procuram assegurar o acesso aos produtos e serviços de saúde de forma ágil, fácil e segura e manter um canal de comunicação para esclarecimento de questões ou aconselhamento personalizado, pela via presencial ou digital.

A título de exemplo, durante a pandemia por COVID-19, e apesar de a rede se ter mantido em pleno funcionamento, o acesso à Farmácia Comunitária ficou limitado ou impossibilitado para algumas pessoas, particularmente para aquelas com doença ou em situação de risco aumentado. Em resposta, as farmácias reajustaram a sua oferta de acessibilidade, encetando ou impulsionando os já existentes serviços locais de entrega ao domicílio e a sua presença online.

Dados 
em Saúde.

Diariamente, cada agente do sistema de saúde gera dados sobre cada interação, transação e decisão que acontecem no decorrer da sua atividade, resultando num volume significativo de dados que, com o recurso à tecnologia disponível, são armazenados nos sistemas de informação de cada entidade.

Os farmacêuticos têm um papel crucial no acompanhamento da pessoa, uma vez que têm a responsabilidade não só de garantir uma dispensa de medicamentos, dispositivos médicos e produtos de saúde com qualidade e segurança, mas também monitorizar e identificar problemas relacionados com a prescrição e utilização dos medicamentos.

As capacidades dos farmacêuticos devem ser aproveitadas de forma mais eficaz, utilizando os sistemas de informação existentes e acedendo à informação gerada no sistema de Saúde, sempre que se afigure de relevo para a sua intervenção.

A falta de acesso por parte dos farmacêuticos comunitários aos registos de saúde eletrónicos das pessoas pode ter um impacto negativo na gestão da terapêutica, com consequências diretas para a segurança das pessoas.

É essencial garantir que os cidadãos sejam os verdadeiros proprietários dos seus dados de saúde, capacitando-os a tomar decisões de forma livre e independente sobre quais os profissionais que têm acesso aos mesmos, bem como os fins para os quais estes são utilizados.

Saúde Digital
e Marketing.

Atualmente, mais de 81% dos domicílios na Europa possuem acesso à internet e utilizam-na para obter informações sobre saúde e medicamentos. A internet oferece uma variedade infinita de recursos que podem ser utilizados para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas. No entanto, é essencial que os utilizadores tenham um nível de literacia em saúde adequado, que lhes permita compreender, assimilar e utilizar a informação de saúde disponível. Além disso, é importante que estas ferramentas sejam validadas e aprovadas à luz da legislação existente, garantindo a sua qualidade, privacidade e segurança.

Nos últimos dez anos, a utilização de publicidade e marketing no setor de cuidados de saúde sofreu uma mudança drástica, impulsionada pela disseminação das tecnologias móveis e digitais. Esta mudança trouxe consigo tanto oportunidades como desafios para as diversas entidades do ecossistema de Saúde, que enfrentam exigências cada vez maiores para adotar e utilizar estas tecnologias, tanto na prestação de cuidados de saúde como na comercialização de bens e serviços.

O desenvolvimento e expansão da saúde digital tem trazido benefícios consideráveis para o atendimento e acompanhamento das pessoas e para o desempenho dos sistemas de saúde. Intervenções em saúde digital incluem aquelas que utilizam a tecnologia como um facilitador na promoção de comportamentos saudáveis, na gestão da doença crónica e na monitorização do seu progresso e resultados, em complemento à prática tradicional. As intervenções de saúde digital podem ser ferramentas eficazes que ajudam a promover, não só melhores resultados em saúde, mas também a autonomia e responsabilidade da pessoa na gestão da sua jornada de saúde.

Literacia
em Saúde.

A literacia em saúde é um dos principais determinantes sociais em Saúde. O nível de literacia de cada pessoa, traduz a capacidade de usar as competências de aceder, compreender e avaliar a informação, aplicando‐as no dia‐a‐dia para a tomada de decisão em diferentes contextos, tendo em conta as opções disponíveis.

Neste sentido, um baixo nível de literacia em saúde e os problemas que daí advêm – tais como a dificuldade em seguir instruções terapêuticas ou compreender folhetos de saúde informativos – estão frequentemente associados a piores resultados em saúde.

A existência de instrumentos disponibilizados à comunidade que não são desenvolvidos por entidades de saúde e que não são devidamente validados ou aprovados, representa um risco para os utilizadores que podem não ser capazes de interpretar a informação inadequada ou potencialmente insegura. As farmácias, pela sua posição no sistema de saúde, podem atuar nesta área de forma a mitigar esse risco.

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