Dimensão I

Para dar resposta aos desafios de saúde da população é fundamental a definição de novos modelos de prestação de cuidados, com o envolvimento de equipas multidisciplinares que promovam em conjunto a descentralização de cuidados para próximo da comunidade, tendo como objetivo um sistema de saúde mais focado na pessoa e com garantia de autonomia na gestão do seu estado de saúde.

Nos últimos anos, tem-se observado, em vários países, uma evolução da rede prestadora de cuidados de saúde primários, que contempla o alargamento da intervenção do farmacêutico em contexto de farmácia comunitária.1,2

Estes modelos de integração apresentam um histórico de implementação sustentado em países como o Reino Unido, Canadá, Austrália, Suíça e França – entre outros –, e mostram a evolução das relações entre o serviço público de saúde e as farmácias comunitárias, no sentido de melhor responder às necessidades de saúde das pessoas.3-6 Por exemplo, na Suíça, os farmacêuticos comunitários integram a rede de prestação de cuidados de saúde à comunidade ‘netCare’, posicionando a farmácia como primeira linha de contacto do cidadão com o sistema de saúde, onde, num processo de decisão partilhada pré-definido, se procede à triagem e tratamento ou encaminhamento para os cuidados primários diferenciados ou secundários.3,7,8

Estas iniciativas são o reflexo de uma intervenção regulatória com foco na otimização das competências do farmacêutico comunitário e na promoção das farmácias comunitárias como parte integrante do sistema de saúde, tendo como objetivo providenciar à comunidade um acesso conveniente aos cuidados e, simultaneamente, aliviar a pressão identificada nos serviços de urgência e no acesso às consultas de clínica geral.9

Para que a implementação destes modelos se torne eficiente, deve ser assegurado um modelo remuneratório para as farmácias que seja reflexo da sua atuação e contribuição na melhoria da saúde da população, reduzindo a carga das restantes entidades do ecossistema de saúde e potenciado a sustentabilidade e resiliência dos sistemas de saúde.8,9

1. Curley LE, Moody J, Gobarani R, et al. Is there potential for the future provision of triage services in community pharmacy? J Pharm Policy Pract 2016;9:29. doi:10.1186/ s40545-016-0080-8. 2. Pharmaceutical Group of the European Union (PGEU). Community Pharmacists Supporting Healthcare Systems: Lessons Learned from the COVID-19 Crisis. 2021. 3. Pharmaceutical Group of the European Union. Pharmacy 2030: A Vision for Community Pharmacy in Europe. Brussels: 2019. 4. Pharmaceutical Society of Australia. Pharmacists in 2023: For patients, for our profession, for Australia’s health system. Canberra: 2019. https://www.psa.org.au/wp-content/uploads/2019/02/Pharmacists-In-2023-digital.pdf. 5. Dineen-Griffin S, Benrimoj SI, Garcia-Cardenas V. Primary health care policy and vision for community pharmacy and pharmacists in Australia. Pharm Pract (Granada) 2020;18:1967. doi:10.18549/PharmPract.2020.2.1967. 6. International Pharmaceutical Federation. From Making Medicines to Optimising Outcomes: The evolution of a profession 1912-2012. 2012. 7. Erni P, von Overbeck J, Reich O, et al. netCare, a new collaborative primary health care service based in Swiss community pharmacies. Research in Social and Administrative Pharmacy 2016;12:622–6. doi:10.1016/J.SAPHARM.2015.08.010. 8. Stämpfli D, Winkler BA, Vilei SB, et al. Assessment of minor health disorders with decision tree-based triage in community pharmacies. Research in Social and Administrative Pharmacy 2022;18:2867–73. doi:10.1016/j.sapharm.2021.07.003. 9. Seston EM, Anoliefo CJ, Guo J, et al. Community Pharmacist Consultation Service: A Survey Exploring Factors Facilitating or Hindering Community Pharmacists’ Ability to Apply Learnt Skills in Practice. Pharmacy: Journal of Pharmacy Education and Practice 2022;10:117. doi:10.3390/PHARMACY10050117

Posicionamento da farmácia enquanto porta de entrada das pessoas no sistema de saúde nomeadamente através:

  • da identificação e tratamento na farmácia de situações clínicas ligeiras, com recurso a protocolos de indicação farmacêutica (ex. infeção urinária não complicada, infeção aguda da orofaringe, enxaqueca, etc.) e com referenciação ao médico quando necessário (ver área prioritária 4);

  • da identificação de indivíduos em risco de ter ou vir a ter uma doença, com recurso a escalas validadas e/ou testes point-of-care, com aconselhamento e referenciação ao médico;

  • da identificação de pessoas com problemas relacionados com o uso do medicamento e intervenção no sentido da sua resolução, que poderá passar pela referenciação a outros níveis de cuidados;

  • da possibilidade de agendamento de consulta médica ou reencaminhamento para urgência hospitalar, com via verde.

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

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