Dimensão II

A evolução tecnológica emergente tornou possível às farmácias suportar a sua prática diária num software de gestão da sua atividade. A adoção deste software permitiu a otimização dos processos, facilitando, cada vez mais, o acesso a registos de saúde e à recolha de dados, suportando as intervenções farmacêuticas e permitindo, desta forma, prestar melhores cuidados às pessoas e obter informação necessária à geração de evidência. Com o desenvolvimento e expansão da saúde digital esperam-se benefícios significativos na prestação de cuidados às pessoas, bem como no desempenho dos sistemas de saúde.1,2

O recurso a soluções de saúde digitais que suportem a atividade das farmácias, como o software informático, promove a automação e a melhoria na eficiência de processos, facilitando a implementação de serviços que aportem valor para as pessoas e a intervenção sobre aspetos como a adesão à terapêutica, a integração na agenda da prestação de serviços na farmácia ou o preenchimento automático de dados com base no histórico terapêutico. Adicionalmente, ao identificar situações de interações e duplicações de medicamentos, o software pode facilitar o reporte ao prescritor e aumentar, desta forma, a segurança das pessoas.1

Na vertente operacional, os softwares devem ser catalisadores das mudanças que as farmácias pretendem implementar, libertando os recursos humanos para intervenções de valor acrescentado e assegurando a eficiência das operações. Nessa medida, os desenvolvimentos tecnológicos devem procurar integrar as ferramentas tecnológicas mais avançadas de inteligência artificial e algoritmia que permitam potenciar a gestão operacional da farmácia.

De entre os diferentes tipos de incidentes de segurança, os erros relacionados com a medicação são os mais frequentemente relatados na OCDE. Os dados indicam que até uma em cada dez hospitalizações pode ser causada por um evento adverso relacionado com o medicamento, e que uma em cada cinco pessoas internadas sofrem danos devido a erros relacionados com o medicamento durante o período de internamento.3 Os farmacêuticos comunitários têm um papel crucial a desempenhar em evitar, reportar ou mitigar os erros associados à utilização de medicamentos, contribuindo, através dos dados recolhidos, para o sistema de farmacovigilância da UE. No entanto, é necessário assegurar que os softwares utilizados permitem a integração com os sistemas de farmacovigilância e, desta forma, que os farmacêuticos podem contribuir de forma ativa para a implementação de medidas de minimização de risco.1,3,4

Os sistemas tecnológicos utilizados pelas farmácias devem facilitar cada vez mais o acesso a registos de saúde e à recolha de dados por parte dos farmacêuticos para suportar a sua intervenção, agregando esta informação para que a sua utilização e partilha seja mais simples. Por outro lado, devem assegurar metodologias eficazes de predição e recurso a algoritmos validados que facilitem a intervenção profissional e a gestão da farmácia, em linha com as necessidades das pessoas.

Assim sendo, o software informático atualmente implementado nas farmácias comunitárias deve ser revisto e perspetivado com o objetivo de prestar melhores cuidados ao cidadão, obter informação necessária à geração de evidência e apoiar a gestão operacional da farmácia.

Estando os sistemas de saúde a caminhar para modelos baseados no valor dos cuidados de saúde prestados (value based healthcare), os dados recolhidos pelos farmacêuticos comunitários não só podem contribuir para suportar a definição de políticas de saúde baseadas em evidência e a identificação das melhores práticas de prestação de cuidados de saúde, como também para demonstrar o valor acrescentado dos serviços de saúde prestados em farmácia comunitária, para um sistema de saúde centrado na pessoa.1

1. Pharmaceutical Group of the European Union (PGEU). Position Paper on Digital Health. PGEU. 2021. https://www.pgeu.eu/wp-content/uploads/2019/03/PGEU-Position-Paper-on-Digital-Health.pdf (accessed 7 Jul 2023). 2. International Pharmaceutical Federation. Online pharmacy operations and distribution of medicines. The Hague: 2021. www.fip.org (accessed 7 Mar 2023). 3. Bienassis K de, Esmail L, Lopert R, et al. The economics of medication safety: Improving medication safety through collective, real-time learning. Paris: 2022. doi:10.1787/9a933261-en. 4. OECD/European Union (2022). Health at a Glance: Europe 2022: State of Health in the EU Cycle. OECD Publishing. 2022. doi:10.1787/507433b0-en.

Desenvolvimento contínuo e inovação do software implementado nas farmácias, de modo que os sistemas tecnológicos estejam adaptados aos desafios diários, visando o acesso e a recolha de dados da jornada de saúde das pessoas.

Integração de ferramentas tecnológicas avançadas, com recurso a algoritmos validados e inteligência artificial, que potenciem a gestão operacional das farmácias e a eficiência dos serviços prestados.

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

Eixos de desenvolvimento

1 Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde da pessoa

2 Transformação digital ao serviço das farmácias e das pessoas

3 Geração de evidência científico-profissional em saúde

4 Valorização das equipas e da profissão

5 Promoção da coesão territorial como resposta aos determinantes sociais em saúde

6 Promoção da sustentabilidade económico-financeira

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